segunda-feira, 17 de setembro de 2012

SEQUESTRO EMBAIXADOR SUIÇA. GIOVANNI BUCHER. ACIDENTE BUICK 1970

As organizações terroristas pretendiam “incendiar” o País na semana do primeiro aniversário da morte de Marighella (4 de novembro 1969).
Para isso, entre outras ações, programaram três sequestros simultâneos.
Um em São Paulo, outro no Rio de Janeiro e o terceiro no Nordeste. Seriam pedidos em troca dos sequestrados duzentos presos. Atuariam “em frente” formada pela VPR, ALN, MR-8, PCBR e MRT. O episódio da `´filial´´ Rio, foi a de maior repercussão.
No dia 7 de dezembro de 1970, na Rua Conde de Baependi, o embaixador da Suíça no Brasil, Giovanni Enrico Bucher, foi sequestrado pela VPR.

Às 8h45, o embaixador saiu em seu carro Buick, dirigido pelo motorista Ercílio Geraldo, tendo ao seu lado o agente da Polícia Federal Hélio Carvalho de Araújo, destacado para segurança do diplomata. Sozinho, no banco traseiro, o embaixador.
Após descer a ladeira do Parque Guinle, o carro do diplomata, que fazia o trajeto de sempre, entrou na Conde de Baependi.
O Aero Willys bege, dirigido por Alex Polari Alverga (Bartô), arrancou e bateu na frente esquerda do Buick. O motorista tentou desviar para a direita, mas foi surpreendido por um Volks azul, dirigido por Inês Etienne Romeu (Alda), que deu marcha à ré e bloqueou o carro do embaixador.
Enquanto isso acontecia, um Volks vermelho, dirigido por Maurício Guilherme da Silveira (Honório), deslocou-se para a retaguarda do carro sequestrado, onde parou e levantou o capô traseiro, simulando uma pane.
Nesse momento, Carlos Lamarca abriu a porta onde estava o segurança Hélio Carvalho de Araújo e deu-lhe dois tiros nas costas, que o atingiram na coluna e o levaram à morte no dia 10 de dezembro.


Enquanto retiravam o embaixador do seu carro, um colóquio surreal começou;

MILITANTE VPR - You will be well treated. (Você vai ser bem tratado).

EMBAIXADOR - Porrrraa !! Eu não sou americano, sou suíço! Não tenho nada com isso. Rapazes... vocês... certamente cometeram um engano!! (falava um português com leve sotaque).

MILITANTE VPR - É o senhor mesmo que queremos !! O Imperialismo ianque (USA ), já pagou quinze presos. O Japão cinco e Alemanha quarenta. ``Tá ´´na hora dos bancos suíços comprarem a vida ``dalguns companheiros´´ torturados. A Suíça é a quarta investidora na miséria do nosso povo !! `` vamo, vamo, vamo´´

Pouco depois do sequestro, os órgãos de segurança desencadearam um amplo esquema de busca ao grupo e ao diplomata, com ostensiva vigilância.
A ação policial praticamente paralisou a cidade naquele dia. A polícia bloqueou os pontos que considerou importantes e neles impôs o tráfego em fila indiana, revistando todos os veículos e seus passageiros, inclusive os transportes coletivos, cujos passageiros eram obrigados a desembarcar.
A libertação do embaixador foi condicionada à liberação de 70 presos políticos, exigência do grupo de sequestradores. A negociação perdurou mais de um mês.Ao contrário dos outros sequestros, o do embaixador suíço foi o mais dramático.
O governo demorou a atender as exigências e se recusou a libertar muitos prisioneiros que foram pedidos na primeira lista mandada pelos guerrilheiros. Após mandarem outra lista com mudança de alguns nomes, o governo militar cedeu às exigências e aceitou libertar os 70 presos políticos. 


Os presos deportados seguiram para o para o Chile na madrugada de 14 de janeiro de 1971.
Após 40 dias de cativeiro, o representante estrangeiro foi liberado no bairro da Penha.
Durante a soltura do embaixador suíço aconteceu algo inusitado. Ele seguiu as instruções dos guerrilheiros de pegar um táxi e ir até a casa de seu auxiliar mais próximo. De lá,ele foi de carro oficial até a sua casa onde os jornalistas já o aguardavam junto com um grupo de homens da repressão fortemente armados esperando o táxi com o diplomata.
De tanto esperarem um táxi ninguém notou a cara risonha do embaixador no vidro aberto da limusine, passando por eles, e entrando tranquilamente na casa. Os jornalistas e os policiais somente viram o embaixador quando ele, já de banho tomado, apareceu para entrevistas.
A tática para libertar presos políticos adotada por organizações da esquerda na guerrilha urbana do início dos anos 70, fez do embaixador suíço sua quarta vítima num período pouco maior que um ano.
Em resposta, o governo manteve fortíssima repreensão aos terroristas, promovendo inúmeras prisões e fazendo desse um dos períodos mais truculentos.

Pesquisa Texto - História Armada

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