sexta-feira, 5 de outubro de 2012


FORD GALAXIE. EMPRESÁRIO HENNING BOILESEN - ATENTADO 15 / 04 / 71

Henning Albert Boilesen (Copenhague, 14 de fevereiro de 1916 - São Paulo, 15 de abril de 1971) foi empresário dinamarquês radicado no Brasil, presidente da Ultragás, e acusado por militantes de esquerda de ser um dos financiadores da Operação Bandeirante, de ensinar técnicas de torturas e de ser agente da CIA.

Boilesen foi uma pessoa muito influente na indústria brasileira na época da ditadura, tendo em seu currículo a participação na fundação do CIEE - Centro de Integração Empresa Escola, a presidência da Ultragás e a presidência do Rotary.
Preocupado com os aspectos sociais do trabalho, auxiliava diversas entidades e havia criado um Centro de Integração Empresa Escola, para a formação de mão de obra especializada.
Entrosado com o meio empresarial, possuía os títulos de "Cidadão Paulistano" e de "Homem de Relações Públicas em 1964", além de quase uma dezena de medalhas e condecorações, outorgadas por diversas entidades, entre as quais o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, a Sociedade Geográfica Brasileira e o Museu de História do Rio de Janeiro.
Foi um dos primeiros grandes empresários a financiar o aparato político militar brasileiro, por meio da Operação Bandeirante (OBAN), que viria a ser o embrião do modus operandi dos DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações-Coordenação de Defesa Interna).

Na manhã de 14 de abril, o Comando Revolucionário montou o seu dispositivo. No carro da ação, um Volks, três militantes da ALN: Antônio Sérgio de Matos ("Uns e Outros"), como motorista, Yuri Xavier Pereira ("Joaozão"), com Fuzil Mauser 7 mm, e José Milton Barbosa, com metralhadora INA. No carro de cobertura, outro Volks, três militantes do MRT: Dimas Antônio Casemiro, como motorista, Joaquim Alencar de Seixas ("Roque", "Felipe", "Velho"), com Winchester 44, e Gilberto Faria Lima, com metralhadora INA.
Haviam decidido que a ação seria executada em frente da casa dos filhos de Boilesen, na Rua Estados Unidos, a fim de causar maior impacto na opinião pública.
Estacionaram os dois carros na Alameda Casa Branca e Yuri e José Milton montaram guarda na esquina para esperar a sua saída. Subiriam nos carros e fechariam o do industrial antes que ele desse a partida.
Entretanto, nesse dia, Boilesen viajou a negócios para a Guanabara. Ganhou mais 24 horas de vida.

No dia seguinte, 15 de abril de 1971, novamente o Comando Revolucionário tomou posição. Dessa vez, pontual, Boilesen saiu da casa de seus filhos, às 0910 horas. O planejamento, no entanto, não fora bem feito. Ao entrarem na Estados Unidos, os terroristas observaram, surpresos, que o Ford Galaxie do industrial já virava à direita, tomando a Rua Peixoto Gomide. Após alguns segundos de hesitação, decidiram agir assim mesmo e saíram em perseguição ao carro. Para evitar uma feira livre, Boilesen entrou na Rua Professor Azevedo Amaral e pegou a Barão de Capanema. Na esquina da Alameda Casa Branca, parou para entrar à esquerda. Nesse momento, os dois carros emparelharam com o dele. Pela esquerda, Yuri, colocando o fuzil para fora da janela, disparou um tiro que raspou a cabeça de Boilesen. Este saiu do seu Ford Galaxie e tentou correr em direção contrária aos carros. Foi inútil. José Milton descarregou a metralhadora em suas costas e Yuri desfechou-lhe mais três tiros de fuzil. Cambaleando, Boilesen arrastou-se por mais alguns metros, indo cair na sarjeta, junto de um outro Volkswagen. Aproximando-se, Yuri disparou mais um tiro, que arrancou-lhe a maior parte da face esquerda. Joaquim e Gilberto jogaram os panfletos por cima do cadáver. Os terroristas, subindo em seus carros, arrancaram em alta velocidade, fugindo pela Alameda Casa Branca em direção à Avenida Paulista.

Seus executores dizem que o escolheram como exemplo para um justiçamento, acusando-o de ajudar no financiamento da repressão e de assistir a sessões de tortura de presos políticos. Dizem também que Boilesen gozava da intimidade dos agentes de segurança da OBAN e que haveria até um instrumento de tortura conhecida como Pianola Boilesen, em homenagem ao empresário que trouxe do exterior uma máquina de eletro choque acionada por teclado.
É comentado também, que a execução de Boilesen ocorreu por uma tentativa de sequestro falha onde este, ao tentar fugir, foi fuzilado pelas costas.
Posteriormente, o caso virou propaganda útil para o partido militar e para partidos esquerdistas.