quinta-feira, 22 de novembro de 2012



GUERRILHEIROS PERMUTADOS PELO CÔNSUL NOBUO OKUCHI. 1970

Após o Golpe Militar de 1964, vários grupos de resistência ao regime se formaram no país. Essas organizações representavam a esquerda política e combatiam de todas as formas o sistema de governo brasileiro que foi implantado pelos militares.
As ações dos opositores iam desde simples contestações com discursos contrários ao governo até atitudes mais extremadas, como utilização de táticas de guerrilha que incluía sequestros e assaltos.
O ``sucesso´´ no sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick, em setembro de 1969, no Rio de Janeiro, pesou decisivamente na opção pelo sequestro do cônsul japonês em São Paulo, Nobuo Okuchi.

No dia 11 de março, após terminar seus trabalhos no consulado, Nobuo Okuchi dirigia-se para a residência oficial na Rua Piauí 874.
Cerca as 18:20 hs, quando o Oldsmobile dirigido pelo motorista Hideaki Doi, trafegava pela Rua Alagoas passando pela Praça Buenos Aires, um Volkswagen azul aparentando realizar uma manobra descuidada interpôs-se no caminho do veiculo consular na esquina da Rua Bahia.
Hideaki freou o carro e chegou a reclamar da barbeiragem. Okuchi, no banco traseiro do Oldsmobile, não se preocupou quando viu um rapaz alto apanhar uma metralhadora,junto ao volante do Volkswagen e se dirigir para seu carro. Julgava ser uma verificação policial de rotina.
O planejamento tinha funcionado. Liszt Benjamin Vieira ( VPR - Vanguarda Popular Revolucionária ),parado na Praça Buenos Aires, tinha assinalado para o militante Ladislas Dowbor ( REDE - Resistência Democrática ), na esquina das ruas Bahia e Alagoas, a aproximação do carro do cônsul. Ladislas fez o sinal convencionado para Devanir José de Carvalho ( MRT - Movimento Revolucionário Tiradentes ), que arrancou com o Volks azul, colocando-se no caminho do Oldsmobile.
Outro militante apanhara a metralhadora no carro, e para surpresa de Okuchi, ameaçava o motorista Hideaki Doi.

Retiraram o cônsul de dentro do carro, sob a ameaça de armas, e o conduziram para um Volkswagen vermelho que estava estacionado na Rua Alagoas, do outro lado da esquina.
Outros militantes ao longo da Rua Bahia, faziam a escolta. Okuchi, colocado no banco traseiro, teve os olhos vendados e foi forçado a colocar a cabeça sobre os joelhos.
O Volks azul seguiu à retaguarda até a Avenida Dr Arnaldo, com os outros participantes do sequestro.
Conduziram o cônsul, para a Av. Ceci nº 1216, em Indianópolis, onde Okuchi ficou "guardado"( termo utilizado pelos militantes ).

Os comunicados escritos por Ladislas, exigiam a libertacão de cinco presos e a obtenção de asilo político no México ( ou outro país que a isto se dispusesse ).
As exigências dos sequestradores iam da paralisação das atividades de busca e da suspensão da violência contra os presos políticos.
Os terroristas ameaçavam dinamitar o cativeiro do cônsul, com todos que lá estivessem, caso houvesse alguma tentativa de resgate.
Todos os comunicados eram assinados pelo "Comando Lucena" da VPR, em alusão ao terrorista morto em Atibaia.

No comunicado nº 4, os terroristas finalmente divulgaram a lista dos cinco presos a serem libertados.
Libertados os presos,foram encaminhados e embarcaram em Congonhas, no Caravelle da Cruzeiro do Sul, para o México. Teve assim inicio a operaçao de libertação de Nobuo Okuchi.
No comunicado nº 6, os terroristas exigiam a suspensão do policiamento e advertiam sobre as conseqüências trágicas para o cônsul caso fosse tentado algo contra eles.
No domingo, 15 de março, por volta das 18 horas, Nobuo Okuchi foi vendado e levado por Ladislas para o banco traseiro do Volks vermelho.
Após rodarem algum tempo, para se certificarem de que não estavam sendo seguidos, deixaram o cônsul Okuchi na Rua Arujá, atrás da Cervejaria Brahma.
De táxi, o diplomata retornou à sua casa, cansado, mas com sua integridade física preservada.

Confirmando a sua comprovada eficiciência, os órgaos de segurança, no período de abril e maio, já tinham prendido vários terroristas envolvidos no seqüestro, e outros foram mortos em confronto.
Mas a luta armada também era eficiente. Já estava em andamento os preparativos do sequestro do embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher.

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